sexta-feira, agosto 19, 2005


Dear, Sorry:.


Desculpe amigo, mas alguma coisa que ainda não identifico muito bem (mas que comecei a vislumbrar em nosso último encontro) impediu-me de "me dar bem" com você. Você tem a sua verdade, eu prefiro ficar com meus sonhos. Acredito que você goste de ser assim - então entenda minha posição, eu não abro mão de também poder me expressar como quero e sou. Eu não sei tocar violão, não tenho saco pra aguentar gente que não conheço, não fui educada por nenhuma Rainha da Inglaterra; muito pelo contrário, por uma carrasca de Hiroshima ou algo semelhante. Sou diversa, complexa, côncava. Esta que vos escreve chora por esse dia, 19, Dia D., dia de outro, dia de algo especial no passado. E eu aqui, chorando, tentando consertar uma situação que me acusaste de criar, logo eu, que não crio nada, ando assim, só calada, tentando me sustentar em pé, tentando justificar a minha vida, ou quem sabe esperando que quem me ouve também cante para mim. E que contenha mais que palavras, seja cheio de atos, e infinito no seu gostar.

Amigo, ouça bem o que eu lhe digo: eu não sei mentir, nem pretendo aprender nessa hora da vida, já estou cansada de tanta queda, quem sabe um dia a gente se encontre, e recomece do zero, você cantando seus sambas, e eu entendendo o que há de novo no paraíso. Vamos vivendo, e aí, quem sabe, um dia você me desculpa, me aceita do jeito que sou, talvez na minha idade compreenda minhas imperfeições, e no mais total e profundo esquecimento, porque não há forma mais eficaz de esquecimento do que essa memória que só perpetua o prazer, nunca o sentimento escondido atrás de cada acorde de um violão.

Eu realmente gostaria de poder apertar um botão por aqui, e minha vida "virar Maria Carolina", seria tão útil, agradável e sociável - mas não. Por mais que eu tente, o que eu posso, infelizmente, é ser somente aquilo que você já conhece - e essa sinceridade e ironia, essa armadura resistente e esse ódio por gente que não diz o que sente, é intrinseco, tão perto de mim. Não consigo me desfazer, nem me mascarar. Nem mais me desculpar, porque não há culpas. Não há como eu ser culpada por algo que não se entende, apenas existe. Incompatibilidade total de Luas. Melhor assim, que os astros se mostrem condoídos por ti. Não. Prefiro ficar com o meu Ego dolorido, modificado, curtido, mas que jamais será apoderado por essa história-de-ser-quem-eu-quero, e esconder sentimentos, da qual um dia eu também fiz parte. Deixa ver se eu me recordo, de alguma frase de efeito, pra te dizer, enquanto você bate a porta. Pra poder me acolher, enquanto ouço você gritar que é tudo culpa minha, sempre foi e será. Que toda situação sou eu que transformo, deturpo, vira tudo comiseração. Deixa eu te dizer que sinto muito, que não quero ser desvendada, apenas compreendida, mas infelizmente somos iguais ou opostos, você sempre com um pé atrás, eu lá no longe, não querendo esperas nem me justificar.

Eu posso nunca mais me encontrar contigo, mas suas palavras de hoje, ontem estão gravadas em mim. "Tô fora" desse jogo de tentar fazer você compreender o que jaz por traz da vida que tu teimas em colorir. Vai, termina, e leva essas palavras, pra quando tocar perto de ti, você lembrar de mim. Porque eu aceito "seu fora" de mim, mas por favor, respeite o meu desalento, me deixe ficar dentro de si. Não quero mais ser sua amiga, não consigo ser assim - Tão longe de mim. Leva o que há de ti, que a saudade é o pior tormento, leva os teus sinais, e evita atracar no cais. Me desculpe, mas eu não faço nada sem que haja outra pessoa pra colaborar...

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