quinta-feira, agosto 11, 2005


Carpinejar:.

Ontem rearranjei uma promessa: adquiri um livro, mas encerrei-o até dezembro no fundo do guarda-roupa. Era do Carlos Nejar, e o que eu li foi somente a autobiografia - se referia ao Fabricio Carpinejar... Lembrei do nome, do blog. Fui visitar e adorei. Lindo. Um pedacinho, pra vocês:

Cede-se para calar, não para ouvir. Ao ceder, é feito caridade, sacrifício. É a negação da vontade. Ofende-se a crença com o abandono: engolir a seco a fé, cuspir a fé como gripe. Ceder não oferece compreensão, mas evidencia uma guerra silenciosa, autoritária, de persuasão e posse. (...)Ceder é o primeiro sinal do cinismo na convivência. Cinismo consiste em falar o contrário do que se diz, omitir o pensamento. Não conheço verdade que não tenha nascido de alguma discordância. Ceder é alienação, não esperar mais nenhuma reação de entendimento. Privar-se da possibilidade de ser acompanhado. Mentir que não tem importância. Encerrar a conversa para não se incomodar. Resume o egoísmo das duas partes em apagar as diferenças. Não merecer a atenção no casamento é a mais grave humilhação.

Entrando no meio: Eu discordo veementemente dessa posição: acho que num relacionamento, qualquer que seja, bastando que existam duas pessoas, temos que aprender a ceder. Vamos continuar com esse verbo "ceder" a vida inteira, e não adianta imaginar que isso é só particular ao casamento. Eu já cursando a especialização em "ceder", sei que é absolutamente necessário para a sobrevivência de uma parceria. Fazer o que?

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Em algum trecho da vida, ouvi que não devia, que era feio, que não merecia e abafei a resposta. Tranquei a porta do quarto para chorar baixinho. Nunca chorei para ser ouvido. A vergonha de chorar é a mãe de todas as vergonhas. Isso faz a maior diferença. Meu desconsolo não fez amigos. (...) Eu amo desorganizado, desenvergonhado. Tenho um amor que não é fácil de compreender porque é confuso. Não controlo, não planejo, não guardo para o mês seguinte. A confusão é quase uma solidão adicional. Uma solidão emprestada. Sou daqueles que pedirá desculpa por algo que o outro nem chegou a entender, que mandará nova carta para redimir uma mágoa inventada, que estará se cobrando antes de dizer. Basta alguém me odiar que me solidarizo ao ódio. Quisera resistir mais. Mas eu faço comigo a minha pior vingança. Amar demais é o mesmo que não amar. A sobra é o mesmo que a falta. Desejava encontrar no mundo um amor igual ao meu.

1 Comentários:

Blogger Mirana disse...

Oi!

Descobri hoje a sua página e gostei muito!
Obrigada pelo link, você também já está indo para os meus favoritos. Voltarei outras vezes...

Mirana

8:47 PM  

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