sexta-feira, julho 01, 2005

Monólogo amoroso:.

Em vez de um habitual acerto de contas próprio de quem enfrenta uma memória familiar forte e desgastante, quero fazer voar sobre a folha contos e pequenas histórias, construindo um romance insólito e surreal, onde cada linha conterá em labirintos profundos toda a verdade de mim. Numa busca do absoluto, nesse caminho de perfeição, eu, heroína, ela, andarilha, um poema homérico. De peripécia em peripécia formando uma colcha de retalhos, avalanche de nós, passando por catástrofes cosmológicas e coitos intensos, sangues sagrados e pequenos meninos, prendendo borboletas e bruxas em cada página virada. Mesmo espantadas, ousando se perder, nesse bosque que ainda guarda tantos tesouros ocultos. Nossa lenda histórica, mito vivificado e vivido por nós. Tortuosas linhas, galhos de mim...

Não quero deixar simplesmente o mundo me levar. Quero parar, me educar, selecionar meus valores, observar como funciono e parar de me julgar. Por dez minutos ouso silenciar tudo - aproximo-me de minha alma, da minha verdade. Quero ser minha amiga, retirar minhas ilusões e procurar o caminho da inteligência em cada passo. Quero me tratar bem, me amar incondicionalmente, com minhas celulites, estrias, rugas e linhas de expressão que já se formam ao redor de meu lábio sorridente. Chega de me depreciar e me rotular: eu sou tudo aquilo que imagino ser, e posso ir muito mais além, acreditando em mim. Parar de me ameaçar, me condenar por aquilo que fiz ou que me esquivei, aliviar essa juíza enorme que mora aqui, dentro de mim, exigindo perfeccionismo de tudo, sempre me machucando, me entristecendo, me marcando com cicatrizes tão profundas e doloridas. Sou feliz quando sou eu mesma, autêntica, vivendo com todo o meu Ser, saboreando todos os momentos, curtindo a chuva e gostando de mim. Sou livre para ser eu mesma, e muitas vezes posso nem saber o que fazer, nem qual caminho tomar, pois muitas são as encruzilhadas com que me deparo. Mas não acredito mais em dor, sofrimento, miséria de alma e pobreza de espírito. Me deparo com a grandiosidade de Mim - Oceano e Mar, enrodilhados dentro e fora de mim.

Quero liberdade, desapego de situações ruins e culpa que carrego sem precisar. Fardo aliviado, ombros liberados, me permito sair desse esquema-bandido, inteira e íntegra, com nova perspectiva e disposição. De agora em diante não há mais culpa, mesmo que queiram alocá-la em mim - estou fechada para tal disposição, não quero carregar mais cruzes alheias. Sem condenação e grandes pretensões, ando livre, e distribuo amizade sincera, aceitação integral, eventual cooperação. Inquebrável, Amando incondicionalmente, capaz de passar com leveza pelas maiores dificuldades e desafios, vivendo ao lado de quem Amo e é tudo pra mim. Aprendo nesse compasso que o passado está em nós, e nada posso mudá-lo ou alterar qualquer cor. Mas posso sim, sempre, cultivar lições, entender o presente que se fez diante desse ausente, render bençãos e me sentir grata pela vida que caminha ao meu lado e adiante de mim. Esforço e vontade, meio e perseverança, felicidade e amor. Eu tenho tudo o que preciso, as emoçòes se repetem, não é a primeira vez que nos encontramos, mas agora é tudo o que precisamos: ficar juntos pra-todo-sempre, Amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário