segunda-feira, abril 25, 2005


Nas entrelinhas.

Às vezes é como se eu carregasse um grande fardo, como um peregrino. O que eu fui,o que eu sou, e o que outros viram e pensam conhecer, fazem parte das muitas mulheres que co-habitam dentro de mim. Harmônicas, algumas vezes opostas ou contraditórias. Dentro de mim, nesses dias, tem sobra de ansiedade e carência de abraço. Areia e Vastidão à vista.

Já fui menina e Rainha. Sonhando, à meia altura do chão. Como posso andar, se ainda gosto tanto de flutuar? "Sou a mulher da Sua Vida, Homem-dos-meus sonhos", e a sensação de acolhimento e de pertencer a alguém com toda a Certeza, em muitas madrugadas, são assombro constante. Um sonho demora quanto tempo para ser decifrado? Dizem que quando as coisas acabam, são substituídas por outras. Mas é preciso voltar se acaso o vazio ainda estiver dentro de nós... Hoje eu sonhei com ele, novamente suas costas sendo minha última visão. Será que consigo pular alguma etapa? Como Lya Luft, ando acreditando que "O real só é real, se é a cada dia reinventado". Para mim, tudo o que eu quis saber nunca resultou da soma de números, contudo esteve marcado em cartas de tarô, que vieram como um raio, vento misterioso, nevasca na primavera. Impera, nas águas secretas dentro de mim, o desafio de tramar palavras e trançar significados, afirmando ou insinuando o bordado do direito, contraposto ao emaranhado do avesso. Armando entrelinhas, indo e vindo como as Marés, recolho e devolvo sentimentos. Nessa ilha, oceano de Mim, uma certeza. Há que ser da mesma raça, para ter coragem em mergulhar nas águas do mar de dentro, a fim de permanecer.

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