(...) Burrice pega mesmo.
"De tanto eu mentir para ser da mesma opinião dos outros, porque não adianta contrariar, fiquei lesa. Confundi as falsas moedas com moedas verdadeiras.. Na verdade o que eles são mesmo é: best-sellers...As opiniões deles são best-sellers, as idéias deles são best-sellers. Acrescente-se a isso a falsa modéstia dela, uma vontade de ser mártir, e uma vontade best-seller de ser vítima e de ter angústias. Acresce-se a isso que ela me procura tanto que já não agüento. E de manhã, de tarde, de noite. Uma coisa que se diga a ela, fere a susceptibilidade dela, e ela passa a noite chorando! Ela é sofisticada. Fala-se de artistas bonitos ou atraentes de cinema, ela diz com ar de Greta Garbo: nunca reparei se um artista é ou não bonito, só presto atenção no trabalho. Muito chato, meu Deus... (Essa expressão best-seller ligada às pessoas em geral é invenção de Ceschiatti, que vive descobrindo expressões perfeitas em relação às coisas)".
Clarice Lispector, em uma cart, de Berna, para as irmãs, sobre a vida no meio diplomático e os diplomatas ou suas esposas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário