Era uma vez 'eu'
Todo momento de achar é um perder-se a si próprio. Talvez me tenha acontecido uma compreensão tão total quanto uma ignorância,e dela eu venha a sair intocada e inocente como antes. (...) Até então eu não tivera a coragem de me deixar guiar pelo que não conheço e em direação ao que não conheço: minhas previsões condicionavam de antemão o que eu veria. Não eram as antevisões da visão: Já tinham o tamanho dos meus cuidados. Minhas previsões me fechavam o mundo.
(...)Estou tão assustada que só poderei aceitar que me perdi se imaginar que alguém me está dando a mão. Dar a mão a alguém sempre foi o que esperei da alegria. Muitas vezes antes de adormecer - nessa pequena luta por não perder a consciência e entrar no mundo maior - muitas vezes, antes de ter a coragem de ir para a grandeza do sono, finjo que alguém está me dando a mão e então vou, vou para a enorme ausência de forma que é o sono.
E quando mesmo assim não tenho coragem, então eu sonho. Ir para o sono se parece tanto com o modo como agora tenho de ir para a minha liberdade. Entregar-me ao que não entendo será pôr-me à beira do nada. Será ir apenas indo,e como uma cega perdida num campo. Essa coisa sobrenatural que é viver.O viver que eu havia domesticado para torná-lo familiar.
(...) A verdade não faz sentido,a grandeza do mundo me encolhe. Aquilo que provavelmente pedi e finalmente tive, veio no entanto me deixar carente como uma criança que anda sozinha pela terra.
C. Lispector
(...)Estou tão assustada que só poderei aceitar que me perdi se imaginar que alguém me está dando a mão. Dar a mão a alguém sempre foi o que esperei da alegria. Muitas vezes antes de adormecer - nessa pequena luta por não perder a consciência e entrar no mundo maior - muitas vezes, antes de ter a coragem de ir para a grandeza do sono, finjo que alguém está me dando a mão e então vou, vou para a enorme ausência de forma que é o sono.
E quando mesmo assim não tenho coragem, então eu sonho. Ir para o sono se parece tanto com o modo como agora tenho de ir para a minha liberdade. Entregar-me ao que não entendo será pôr-me à beira do nada. Será ir apenas indo,e como uma cega perdida num campo. Essa coisa sobrenatural que é viver.O viver que eu havia domesticado para torná-lo familiar.
(...) A verdade não faz sentido,a grandeza do mundo me encolhe. Aquilo que provavelmente pedi e finalmente tive, veio no entanto me deixar carente como uma criança que anda sozinha pela terra.
C. Lispector
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